Sonda Mars Express estuda região polar sul de Marte a até 3,7 km de profundidade.
Quantidade de gelo daria para deixar o planeta inteiro sob 11 metros de água.
Quantidade de gelo daria para deixar o planeta inteiro sob 11 metros de água.
Imagem de radar da Mars Express mostra profundidade dos depósitos de gelo no pólo sul marciano; azul representa regiões menos profundas; vermelho, o oposto. (Foto: ESA)
Quase ficamos sem estes dados. Por um tempo, a Agência Espacial Européia adiou a ativação do radar de profundidade da sonda Mars Express por problemas com o instrumento. Mas no final deu tudo certo, e agora surgem as leituras da calota polar sul de Marte. Em resumo, o que os cientistas viram foi água. Muita água.
Tanta, na verdade, que se a derretessem, daria para envolver o planeta inteiro num oceano de 11 metros de profundidade. O cálculo, junto com todas as medições, foi publicado on-line nesta quinta-feira (15) pelo periódico americano "Science".
A essa altura, ninguém mais agüenta ouvir falar de água em Marte. Todo mundo já está careca de saber que o passado do planeta vermelho tinha sido molhado, e que existe muito gelo no subsolo marciano. O que ninguém sabia era quanto.
As primeiras respostas vieram da sonda americana Mars Odyssey, lançada em 2001, que vasculhou o subsolo a apenas alguns metros de profundidade. Mas o serviço só pôde ser concluído com o radar Marsis, instalado a bordo da Mars Express.
Os cientistas haviam feito algumas medições da calota polar norte, no ano retrasado, e concluíram que a maior parte de sua composição era de dióxido de carbono, com pouca água pura congelada. Mas o quadro mudou quando eles olharam para a calota polar sul. Os resultados mostram que, no pólo austral, os depósitos de sedimento congelados são majoritariamente compostos por água.
O Marsis conseguiu sondar a região a uma profundidade de até 3,7 quilômetros -- o que é um bocado. Os resultados fornecem evidência de que há 1,6 milhão de quilômetros cúbicos de gelo de água no pólo sul marciano.
Bilhões de anos atrás, Marte parece ter sido mais quente, e sua atmosfera, menos rarefeita. Naquelas condições primevas, a água pode ter corrido solta pelo solo marciano -- e agora os cientistas têm uma noção mais clara de quanta água. Resta saber se essas condições foram suficientes para impulsionar o surgimento da vida
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