
TECNOLOGIA DE PONTA
David explica que existem três tecnologias de levitação no mercado: a eletromagética, utilizada desde 2003 na ligação do Aeroporto Internacional de Xangai, na China, com o centro da cidade, a eletrodinâmica, pesquisada pelos japoneses e que detém o recorde de velocidade de trens com a marca de 581 quilômetros por hora, e a magnética, pesquisada na Coppe.
"Essa tecnologia é a mais recente das três e só foi possível com o surgimento das pastilhas cerâmicas supercondutoras de alta temperatura crítica e dos super-ímãs comerciais, em meados da década de 1990. Sua grande vantagem é a redução de custo, uma vez que não exige controle eletrônico da levitação, que ocorre naturalmente", observa o pesquisador da Coppe.
Os pesquisadores acreditam, com base em estudos realizados em parceria com a Escola Politécnica (Poli) da Universidade de São Paulo (USP), que o sistema de levitação poderá ser implantado por aproximadamente R$ 33 milhões por quilômetro, um terço do valor de construção de uma linha de metrô subterrâneo com a mesma capacidade de passageiros/hora. As pesquisas indicam que, para o transporte urbano, o Maglev-Cobra também seria capaz de reduzir o custo operacional em até 50%.
Mas o que está faltando para que esse projeto saia do papel e seja implementado na Ilha do Fundão? Para David não se trata de falta de base tecnológica, que existe tanto na UFRJ como na USP e é comprovada em acordos internacionais mantidos pelas duas entidades, principalmente com centros de pesquisas da Alemanha, país que possui um trem de levitação magnética semelhante em operação.
"Acredito que o problema também não seja a falta de recursos financeiros. O que falta é interesse político e social. Esse é o ponto que precisa ser melhor trabalhado", afirma o engenheiro da Coppe. Para ele a receita do sucesso para esse projeto é unir a competência tecnológica existente com recursos empresariais e apoio político. "Essa é uma oportunidade rara de quebrarmos paradigmas na área dos transportes no país", acrescenta David.
De acordo com o professor Richard Stephan, o principal desafio é vencer o ceticismo do meio técnico e acadêmico diante da possibilidade da indústria brasileira liderar uma solução inovadora no setor de transportes. "A história recente tem comprovado que o Brasil foi bem sucedido quando conseguiu quebrar paradigmas", afirmou.
Stephan exemplificou com a liderança brasileira na exploração de petróleo em águas profundas, com a Embraer, que disputa o terceiro lugar entre as empresas globais fornecedoras de aeronaves e com a implantação do que ele considera o "maior programa de biocombustível do mundo", o Proálcool. "O Maglev-Cobra, enfrentando e vencendo desafios tecnológicos, reúne as condições necessárias para fazer parte dessa lista de sucessos", conclui.
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